Já percebeu como, com o tempo, certos lugares parecem ficar mais distantes? Não porque mudaram de endereço, mas porque o caminho até eles se tornou mais difícil. A pracinha que antes era um ponto de encontro agora tem bancos desconfortáveis. A feira do bairro continua lá, mas as calçadas esburacadas tornam o passeio um desafio. O ônibus que antes fazia parte da rotina agora mal dá tempo de subir.

A verdade é que muitas cidades parecem ignorar quem precisa delas de verdade. Rampas inacessíveis, falta de corrimãos, semáforos que fecham rápido demais. Como se, aos poucos, fossem dizendo: “Aqui já não é mais para você.” Mas será que precisa ser assim?

Todos nós envelhecemos, e isso não deveria significar perder a autonomia. Pelo contrário, deveria ser um convite para que as cidades se adaptassem a essa realidade. Mais bancos para descansar pelo caminho, transporte público que respeite o tempo de cada um, calçadas seguras e sem degraus inesperados. Pequenos detalhes que fazem toda a diferença para garantir que cada pessoa continue vivendo com liberdade e dignidade.

Acessibilidade não é um favor. É um direito. E lutar por isso não é apenas para quem já sente essas dificuldades, mas para todos que, um dia, também precisarão de uma cidade mais acolhedora.
Porque a cidade é de todos. Ou pelo menos deveria ser.