Na novela que está no ar, a filha vende a casa da mãe e some com o dinheiro. Parece exagero, mas a realidade é tão cruel quanto a ficção. Casos assim são mais comuns do que se imagina — e, muitas vezes, passam despercebidos ou não são punidos.
Recentemente, uma idosa de 72 anos, no Piauí, perdeu a casa depois que sua filha adotiva vendeu o imóvel por R$ 70 mil e fugiu com o valor. A idosa só descobriu quando foi questionar uma reforma e ouviu do morador: “Comprei da sua filha”. Apesar disso, ela escolheu não denunciá-la. Disse que acreditava que a filha não teve má intenção.

E não é raro esse comportamento: muitos pais e mães preferem o silêncio à dor de ver um filho respondendo por um crime. A vergonha, o afeto e o medo da solidão acabam sendo mais fortes que a indignação.

Golpes patrimoniais cometidos por filhos contra pais idosos são frequentes. Tomam cartões, movimentam contas, vendem imóveis ou desviam aposentadorias com o argumento de que estão “ajudando”. E, como são próximos, têm acesso e confiança. É um crime que fere duas vezes: no bolso e no coração.
A legislação brasileira protege quem tem mais de 60 anos. O Estatuto do Idoso considera crime o desvio de bens cometido por familiares. Mas, muitos ainda desistem de buscar justiça. É importante lembrar: denunciar não é falta de amor. É proteger a própria dignidade.

Ver o tema em novelas pode até parecer entretenimento, mas é também um alerta. O silêncio não é solução. É preciso falar, pedir ajuda, se proteger.
Você merece respeito — inclusive dentro da sua própria família.