Nos últimos anos, algo silencioso e preocupante tem ocorrido no Brasil: a transição demográfica, o envelhecimento da população, trouxe à tona uma necessidade urgente de cuidados específicos para quem ultrapassou os 80 anos. Mas, em vez de o Estado assumir essa responsabilidade, assistimos a um fenômeno alarmante: a financeirização da velhice.

O que é isso? Quando os cuidados com os idosos, antes responsabilidade pública, se tornam um produto do mercado. Planos de saúde caros, serviços de home care, e unidades residenciais para idosos, muitas vezes com a promessa de cuidados médicos integrados, multiplicam-se como se fossem mercadorias, com uma única intenção: o lucro.
O que está por trás disso? A busca por serviços essenciais de saúde e cuidados, que deveriam ser garantidos pelo Estado, acaba levando os idosos ao endividamento. O crédito consignado, descontado diretamente da aposentadoria, tornou-se uma solução perigosa, muitas vezes usada para cobrir os “gastos catastróficos” com saúde e cuidado.

Essa mercantilização da velhice tem três frentes principais: o aumento das mensalidades dos planos de saúde, o crescimento das Instituições de Longa Permanência para Idosos controladas por grandes empresas, e, claro, o endividamento causado pelo crédito consignado. Tudo isso, em nome de um mercado que lucra com a necessidade de quem envelhece.
Mas como reverter isso? A resposta é simples: fortalecer o papel do Estado na garantia de cuidados adequados, para que as famílias não sejam sobrecarregadas e os idosos não fiquem reféns de grandes corporações. O futuro passa por políticas públicas eficazes e pelo respeito ao direito de cada idoso.

A velhice não pode ser tratada como uma mercadoria, e a luta para garantir dignidade e cuidados adequados continua. A responsabilidade não pode ser deixada apenas nas mãos do mercado.