A gente passa a vida acreditando que somos nós, os mais velhos, que temos todas as respostas. Fomos nós que ensinamos os primeiros passos, que mostramos como segurar a colher, que ajudamos na lição de casa. Mas, de repente, os papéis se invertem. E, quando menos esperamos, são eles, os pequenos, que nos ensinam sobre a vida de um jeito que nunca imaginamos.
Uma neta percebe que sua avó está diferente. Ela esquece algumas coisas, troca os nomes das pessoas, se perde no tempo. Às vezes, parece distante, como se vivesse entre o presente e o passado. Mas a menina não vê isso como um obstáculo. Em vez de se afastar ou tentar consertar o que não tem conserto, ela encontra maneiras de continuar perto.
Quando percebe que a avó está confusa, segura sua mão e a leva devagar até onde precisa ir. Se a vovó esquece o nome de alguém, ela sussurra baixinho no ouvido, sem corrigi-la, apenas ajudando. Quando chegam os dias em que até escolher uma roupa se torna difícil, a menina transforma o momento em brincadeira, pegando vestidos e perguntando qual faz ela se sentir mais bonita.
À noite, em vez de esperar uma história, é ela quem abre um livro e lê em voz alta, como a avó fazia quando era pequena. Ela percebe que a vovó pode esquecer o que almoçou, mas nunca se esquece do conforto de um abraço apertado, da segurança de um carinho sincero, do calor de um olhar cheio de amor.
E assim, a vida segue. Com menos pressa, com mais paciência. Com netos que entendem que, às vezes, as palavras se perdem, mas os sentimentos ficam. Que, no fim das contas, o que importa não é lembrar de tudo, mas nunca esquecer de estar presente.
